Rosa, natural da Venezuela, artesã em Brasília
Artesanato
Rosa cruzou a fronteira da Venezuela com o Brasil em 2017, grávida de sete meses, junto com o marido e o filho mais velho do casal, que na época tinha um ano e oito meses. Caminhando, eles traziam R$ 32 e a esperança de uma vida melhor. Na cidade onde viviam, a pequena Caripe, o salário que seu marido ganhava como funcionário público e a renda do casal com a venda de artesanato já não era suficiente para alimentá-los. “Imagina o nível de desespero: quando engravidei do meu segundo filho, fiquei louca. O que vamos fazer aqui? O que vamos oferecer para nossos filhos? Daí, decidimos vir embora e sair da Venezuela, mesmo com todas as complicações e riscos. Não foi uma decisão fácil”, relembra Rosa, que chegou a dormir nas ruas de Boa Vista. “Foi uma experiência bem forte, mas nos fortaleceu e nos fez crescer, nos tornou mais sensíveis”, descreve.
Desde a época em que vivia na Venezuela, Rosa trabalhava com artesanato. No país natal, ela fazia peças de cerâmica e peças em macramê – uma técnica de tecelagem manual que utiliza nós de forma consecutiva e organizada. Sem a estrutura adequada para produzir peças de cerâmica, foi no macramê, no seu talento e na sua persistência que Rosa encontrou sua forma de sustento no Brasil. Desde que chegaram ao país, ela e o marido trabalham juntos vendendo diversas peças, no que definem como “um empreendimento familiar artesanal, onde todos participam, e as crianças brincam”.
Atualmente vivendo em Brasília, Rosa passou por várias cidades do nordeste brasileiro, em uma longa viagem com a família. Pelo caminho, além de vender as peças que produziam, a família participou de feiras de artesanato e Rosa chegou a ensinar sua técnica em oficinas realizadas em parceria com uma ONG de mulheres marisqueiras na Bahia. A decisão de viver em Brasília foi motivada pela proximidade da cidade com a Chapada dos Veadeiros, local que atrai muitos turistas em busca de contato com a natureza. A mudança do casal para o Planalto Central, no entanto, coincidiu com a chegada da pandemia do Covid-19 e com o fechamento do comércio.
A solução, conta Rosa, foi comercializar suas peças – colares, brincos, pulseiras, e também painéis, cortinas e tapetes – no Instagram. A iniciativa foi um sucesso, e Rosa passou a vender para todo o Brasil. Com a retomada dos serviços na capital, a família ampliou as atividades e alugou um espaço na feira da Torre da TV, tradicional ponto de venda de artesanato na capital. “Queremos ver qual é a receptividade do trabalho, se as pessoas gostam e se é viável”, conta a talentosa empreendedora, que embora sinta saudade da Venezuela, é apaixonada pelo Brasil. “Cada vez que chegamos a um lugar novo é uma nova história”, define.
(Texto produzido em Fevereiro de 2021)