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Jana, natural da Síria, chef em Brasília

Gastronomia

Jana

Natural de Damasco, na Síria, a chef Jana encontrou em Brasília um lugar tranquilo para criar suas três filhas, que tinham entre 12 e um ano de idade quando a família se mudou para o Brasil, no ano de 2013, beneficiada por um programa de vistos humanitários para cidadãos afetados pelo conflito sírio, que se arrasta desde 2011.

“A guerra fez muito mal para minha a família, sofremos perseguição religiosa por sermos cristãos. Minhas filhas iam para a escola e eu ficava esperando se elas iriam voltar ou não”, conta Jana, que narra um cotidiano marcado por bombardeios violência e mortes. Na Síria, ela trabalhava como professora de árabe e de inglês para crianças, e seu marido atuava como engenheiro civil. Foram as economias da família que viabilizaram a mudança para o Brasil. A adaptação ao novo país, conta ela, foi mais fácil para as filhas, que em três meses já estavam falando português. Jana, diante dos desafios que encontrou, buscava motivação no fato de que, longe da guerra civil, a família finalmente estava segura. “Minhas filhas têm um futuro agora, sentem que o Brasil é a casa delas”, comenta a empresária.

Desde 2014, seu talento na cozinha vem dando frutos: Jana começou a empreender vendendo doces em feiras em Brasília, época em que também recebia encomendas em casa, onde conta com o apoio do marido para tocar o negócio. Em 2015, a família enfrentava sérias dificuldades financeiras, e chegou a pensar em voltar para a Síria. Com a divulgação e com o apoio de amigos, no entanto, a clientela se fortaleceu. De lá para cá, conta Jana, além das encomendas individuais, ela passou a oferecer as delícias que prepara para outros restaurantes, padarias e embaixadas.

Em 2019, ela conseguiu abrir um espaço dentro da embaixada americana, o que lhe deu mais estabilidade. “Minha vida mudou, porque ter um lugar fixo todos os dias é muito diferente de fazer encomendas”, descreve a empresária, que teve que fechar as portas temporariamente por causa do Covid-19. Jana segue ativa trabalhando de casa, vendendo pratos típicos da Síria sob encomenda, tanto para funcionários da embaixada quanto para outros clientes. Sobre as dificuldades do momento, ela é otimista: “Todos os dias os clientes e amigos me escrevem, sinto que não estou sozinha. Eu sento e choro cinco minutos, levanto, trabalho, penso e faço”, conta a persistente empreendedora.

(Texto produzido em Fevereiro de 2021)

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